The RockPit: Floor Jansen

The RockPit: Floor Jansen

via the ROCKPIT | Tradução: Head up High, my dear!

fj The RockPit: Floor Jansen

O NIGHTWISH é uma das maiores bandas com famosas apresentações ao vivo e que contam com uma sonoridade e produção capazes de estimular todos os sentidos da plateia, resultando em elogios à música por estarem na medida certa, ao contrário de outras grandes produções do meio musical. Após a turnê de um ano e meio do disco “Endless Forms Most Beautiful“, chegou a hora do Nightwish imortalizar os momentos desta turnê em um DVD. Intitulado “Vehicle of Spirit“, ele foi lançado no dia 16 de dezembro de 16 e conta com não apenas dois shows na íntegra, como também bastante conteúdo extra. Conversamos um pouco com Floor Jansen sobre o DVD e os planos de uma das bandas que conquistaram o mundo.

Mark: Muitíssimo obrigado pela entrevista ao The Rockpit. Já entrevistamos a banda várias vezes ao longo dos anos e nos acostumamos a entrevistar o Marco primeiro, então a oportunidade de conversar com você sobre o DVD é sensacional. Antes disso, recebemos tantas perguntas que não sabíamos como lidar com todas elas, mas a maioria mostrava preocupação com relação a este “ano de folga” que o Nightwish tiraria e que esse pudesse ser o fim da banda. Você poderia nos dizer algo a respeito disso só para deixar o pessoal mais tranquilo?

Floor: Ah, mas quanto drama! É só um ano de folga! Já falamos tudo o que tínhamos a dizer sobre esse comunicado e, se as pessoas estão tão preocupadas assim, arranjem um hobby! Tomamos esta decisão, porque está tudo bem, oras. É raro podermos fazer uma pausa com uma sensação boa de que tudo está bem e voltar um ano depois – é bom podermos ter essa opção. Ao invés de se preocuparem tanto, as pessoas deveriam pensar algo como “Poxa, que bacana! Aproveitem e descansem!“, pois temos algo sensacional preparado para 2018. Então, peça a eles que não se preocupem!

Mark: Parece que a situação da banda só melhora e sempre houve períodos de 2 ou 3 anos entre os álbums, então espero que aproveitem o descanso! O DVD foi a maneira ideal de nos deixar ansiosos pelo que virá! Dois shows fantásticos sob um título bem cativante, também. Você acha que “Vehicle of Spirit” resume tudo isso como deveria?

Floor: Obrigada! Eu concordo contigo. Pra ser honesta, o título foi ideia do “Troy”, pois ele já pensava no conceito como “a casca da alma que desafia qualquer tipo de categorização” antes da minha chegada. Mas é uma idéia usada com frequência para descrever a banda e pareceu uma boa idéia usar esse conceito para intitular um DVD que mostra como a banda é hoje em dia. E não são apenas dois shows, pois há material extra no DVD com cenas de shows no mundo todo e que mostram o que é o Nightwish em vários lugares durante uma turnê mundial. (risos) Parece que você concorda comigo.

Mark: Com certeza! Foi uma turnê imensa e tivemos a oportunidade de assistir ao show de vocês em janeiro. Deve ser algo incrível não apenas estar numa turnê mundial fazer um show no Wembley, em Londres, e, algum tempo depois, ir a uma pequena casa de shows em Fremantle, na região oeste da Austrália, e encontrar o mesmo tipo de público fanático por vocês em um ambiente muito mais intimista?

Floor: Essa é a beleza de estar em turnê. Tudo é muito diferente, das pessoas até as culturas e a reações dos públicos. Parece que a intensidade é a mesma independente de onde as pessoas são ou das dimensões do palco. Alguns públicos gritam mais, outros preferem ouvir atentamente e alguns nem se mexem direito, apenas ficando lá e absorvendo tudo de olhos fechados. O que nos conecta uns aos outros neste mundo é como nos sentimos a música.

Cover The RockPit: Floor Jansen

Mark: A música é maravilhosa e nós estamos muito felizes que vocês venham tanto à Austrália para ver os fãs daqui. Nos últimos tempos, o Nightwish parece cada vez maior e uma das bandas finlandesas mais bem sucedidas de todos os tempos, com turnês e álbuns cada vez mais grandiosos. Qual seria o próximo nível para a banda? Vocês pretendem nos dar algumas dicas a respeito disso?

Floor: Não! (risos) Desculpe.

Mark: (risos) Bom, eu tentei. Vou até riscar da lista!

Floor: (risos) Tudo o que posso dizer é que vai ser muito bacana e que todos os fãs do Nightwish vão gostar da surpresa.

Mark: Analisando o DVD após assistir às filmagens nele, percebi que são quase quatro horas de conteúdo só com os primeiros dois shows e, às vezes, algumas bandas acabam tendo a parte musical ofuscada pelos palcos imensos, efeitos especiais absurdos e muito mais. Mas, no caso do Nightwish, parece que isso, na verdade, melhora a experiência musical e intensifica atmosfera criada pelas músicas. É uma produção sensacional. Como é interagir com tudo isso num show? Aquelas máquinas parecem incríveis!

Floor: (risos) É muito bacana que seja algo novo assim! A sensação também é muito bacana quando o palco fica mais quente, mas é claro que não estávamos no verão da Finlândia! As máquinas são um extra para melhorar a experiência do show, mas não a essência dele. Em Tampere, usamos aquela produção toda apenas duas vezes durante o show para que as pessoas pudessem aproveitar melhor o show. Não se pode simplesmente abusar dos efeitos pirotécnicos ou as coisas podem dar muito errado. Ainda assim, quando tocamos na Arena Wembley no final da turnê, já estávamos acostumados a usar a mesma produção em todos os shows e isso faz com que você se sinta mais familiarizado com tudo aquilo, agindo com naturalidade. A produção toda se tornou uma parte tão constante dos shows que, ao chegarmos na Austrália e percebermos que não tínhamos todo aquele palco, sentíamos a falta do som de CO2 saindo de certos pontos. Mas o show de Tampere foi um pouco diferente, pois tínhamos uma rampa e várias peças se movendo no teto. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas que ainda permitia que as pessoas pudessem acompanhar tudo.

Mark: Poder assistir a dois shows e ver as diferenças foi ótimo. A maioria das bandas lançam apenas um show, mas lançar dois foi, de fato, um presente para os fãs. Apesar de ter assistido aos shows shows, ainda não assisti ao material extra. Você disse que há cenas de outros shows ao redor do mundo, não é mesmo? São músicas tocadas em outros shows ou cenas da banda se divertindo e brincando uns com os outros em aeroportos, hotéis etc.?

Nightwish-Vehicle The RockPit: Floor JansenFloor: Não, não. São as músicas gravadas várias cidades. Foi uma música gravada em Vancouver, uma em Buenos Aires, uma no México, duas na Finlândia, uma nos EUA e uma durante o Masters of Rock, na República Tcheca. Também gravamos uma das músicas que tocamos no nosso cruzeiro, que foi uma versão acústica de “Edema Ruh”. Também gravamos uma no Rock in Rio, pois todas as bandas que tocaram lá levaram um convidado e o nosso foi o Tony Kakko, do Sonata Arctica, tocando “Last Ride of the Day” conosco. Chegamos a gravar a “Élan”, quando tocamos em Sidney, e uma entrevista com Richard Dawkins. É um DVD cheio de conteúdo! (risos)

Mark: Preciso fazer uma pergunta sobre uma banda em particular, porque eu os amo. Quanto ao ReVamp: acabou mesmo?

10256231_239795526228828_4452158310403011697_n The RockPit: Floor JansenFloor: Sim. Infelizmente, a vida acontece de maneiras imprevisíveis e não é possível fazer tudo ao mesmo tempo, ainda mais coisas que exigem tempo e presença. Então, estando em uma banda como o Nightwish e em uma turnê intensa como essa, estar em outra banda que também merece toda a atenção do mundo acaba se tornando algo impossível. O ReVamp já existia como um projeto em meio a atuações em outras bandas, e, quando discutimos sobre o ano de folga, eu pensei no ReVamp e cheguei à seguinte conclusão: eu teria tempo suficiente para o ReVamp e isso resultaria em outro álbum, outra turnê e outros compromissos. Esse é o tipo de coisa que eu venho fazendo há quatro ou cinco anos sem parar. Portanto, cheguei à conclusão de que seria bom fazer outra coisa e, é claro, surgiu toda a questão de começar uma vida em família, o que torna tudo mais difícil. Ter uma família e estar em duas bandas é simplesmente impossível. Eu tive de tomar uma decisão difícil.

Mark: Então, você pretende tirar algum tempo para produzir algo musicalmente durante esse período de folga com a sua família? Ou você sente que fará uma pausa total nas atividades e simplesmente aproveitar o descanso?

Floor: Bom, o plano é ficar em casa e aproveitar esse tempo com o bebê. Mas não ter a música como parte do meu cotidiano seria simplesmente o posto da minha essência! Em 2008, eu compus um disco inteiro com o Jørn Viggo Lofstad, guitarrista do Pagan’s Mind. Nós dois compusemos esse disco, mas nunca o lançamos e, agora, retomamos essa ideia. Sem nos comprometermos a nenhum planejamento muito rígido, acho que conseguiríamos voltar a trabalhar nessa ideia durante esse período de folga.

Mark: Uma das perguntas dos leitores fala justamente sobre o tipo de música que você ouve no seu cotidiano. O seu gosto musical é muito eclético?

Floor: Depende um pouco. Se eu estou viajando, eu costumo ouvir trilhas sonoras de filmes. Quando estou malhando, costumo ouvir algo mais pesado, como Pantera, Soilwork e coisas do tipo. Agora, quando estou em casa, ouço todo tipo de música. Não gosto muito de música pop, mas ouço uma música aqui e ali. Eu gosto bastante de Sting, Seal e Florence and The Machine.

Mark: Voltando um pouco no tempo, quando é que tudo isso fez parte da sua vida? Digo, quando é que você soube que a música seria a força-motriz da sua vida? Houve algum momento em especial?

Floor: Antes de saber de fato, acho que houve um processo lento em relação a isso. Mas em termos de sentir isso, um momento foi quando eu me tornei parte do musical da minha escola por volta dos 13 ou 14 anos. Aquela havia sido a primeira vez em que eu percebi que a minha voz de canto saia com naturalidade. No musical, eu assumi um dos principais papéis e, após a apresentação, eu senti algo do tipo “Nossa! Eu quero fazer isso mais vezes!”. Foi aí que eu me juntei à banda oficial da escola, mas, infelizmente, nós mudamos de cidade pouco tempo depois e eu tive de começar tudo de novo. Na cidade nova, eu conheci o pessoal do After Forever em 1997 e, naquela época, eu já sabia que queria ser cantora, mas não sabia como. Como qualquer adolescente, eu tive um sonho, mas não tinha uma noção real de como colocá-lo em prática. Eu achava que fazer uma turnê diferente seria uma ótima ideia, mas também imaginei que talvez caísse pro lado da música clássica ou do jazz e a formação acadêmica ideal para mim ainda não existia! (risos) Felizmente, isso aconteceu em 1999. Então, acho que o momento que mudou tudo foi a primeira vez em que estive num palco, mas perceber isso levou mais alguns anos.

Mark: E eu adoro tudo o que você já produziu em qualquer uma das suas bandas. Fico muito feliz em poder ouvir a sua voz, que, na minha opinião, é uma das melhores do rock e do metal nos últimos 20 anos.

Floor: Muito obrigada!

Mark: Para fechar, duas perguntas que gostamos de fazer aos nossos entrevistados. Se você pudesse estar no estúdio onde um grande álbum foi gravado só para ver a mágica acontecendo, a interação entre os músicos e tudo mais, qual seria o disco e por quê?

Floor: Eu adoraria acompanhar qualquer sessão de gravação de um álbum do Queen. Qualquer álbum. Como é que eles compunham todas aquelas harmonias e experimentaram tanto em termos musicais sem os equipamentos profissionais que usamos hoje? Seria demais.

Mark: Pois é! Seria mesmo. Como é que eles conseguiam fazer tudo aquilo com o que tinham na época? Alguns dos trechos devem ter levado uma eternidade para serem compostos.

Floor: Com certeza!

Mark: Agora, a pergunta mais simples: qual é o significado da vida?

Floor: (risos) Eu não sei como responder a essa pergunta! Acho que a gente talvez saiba no nosso leito de morte, mas espero que isso ocorra só aos noventa e tantos anos! Não sei mesmo. Acho que tentamos racionalizar tudo e muito mais do que deveríamos. Basicamente, estamos aqui apenas para reproduzir, assim como qualquer outro animal do planeta. Mas por pensarmos tanto é que desejamos levar uma vida feliz e, seguindo essa linha de pensamento, eu diria que o sentido da vida é a busca da felicidade. Quando não alcançamos a felicidade, acabamos levando uma vida triste, incompleta. Infelizmente, nem sempre temos o controle sobre tudo ao nosso redor, especialmente as coisas e pessoas que nos fariam felizes. Esta é uma coisa um tanto arrogante de se dizer do ponto de vista da filosofia ocidental, mas eu não acho que a felicidade seja algo alcançável por meio do dinheiro, mas sim ao nos sentirmos amados e seguros.

Mark: Essa foi uma resposta bem profunda. Agora, fiquei um tanto pensativo. É sempre muito bacana fazer essa pergunta a várias pessoas, pois sempre conseguimos identificar quem pensou para responder, mas que nunca havia levado essa questão a sério antes.

Floor: Pois é. Eu acho que é muito difícil responder, pois eu estou numa posição muito privilegiada, o que não significa que estou sempre feliz. Por isso, eu me pergunto o porquê de não estar feliz e percebo que não tem nada a ver com ser rico ou pobre, mas com a sensação de segurança. Acho que se você perguntasse a uma criança na Síria agora mesmo o que ele ou ela precisariam para serem felizes, acredito firmemente que seria “segurança” o que eles diriam e não riqueza. Digo, é claro que eu gostaria de ter rios de dinheiro (risos). O dinheiro em si traz um certo tipo de segurança e tranquilidade quando você sabe que tem o suficiente para não ter de se preocupar nunca mais com aquilo. Mas será que ele é o caminho para a felicidade? Não. Há muitas outras coisas no meio de tudo isso e a questão é muito mais complexa do que se imagina. Ainda mais quando se tenta resumir a uma frase! (risos)

Mark: Acho que, além disso, é algo diferente para todos e que muda conforme envelhecemos. Muito obrigado pela entrevista! Foi um prazer e esperamos que vocês aproveitem 2017!

Floor: Com certeza! Desejo-lhe o mesmo. Voltaremos a nos falar em 2018 com certeza! Até lá!

Floor Jansen deu esta entrevista a Mark Rockpit em Dezembro de 2016.


‘Vehicle of Spirit’ (A Casca da Alma): A palavra ‘Vehicle’ denota algo que serve como intermediário para que um terceiro execute suas funções. O corpo, portanto, é o veículo, a “casca” pelo qual a alma se expressa. 😉


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